domingo, 19 de outubro de 2008

Da natureza do Silêncio

Da natureza do Silêncio
Como escutar o silêncio?

Não há melodia mais sofisticada do que essa fonte. Bebe dela, disse o vento, e o mundo estará salvo. Por mais que eu resista à experiência do silêncio, não tenho palavras agora. E que desafio acordar assim, com uma sensação na garganta e um pedido sincero no coração para que escorrendo dos meus dedos eu desenhe no papel a vida. E genial seria eu acabar aqui mesmo. Por que quem sou eu para tentar dar voz ao insondável?

Mas quando acabei essa frase, imediatamente senti em meu coração o aval para prosseguir e assumir que sou sim tudo isso aqui.

É apenas um espelho, vê? Imagine isso; tudo o que está acontecendo agora é um espelho. Portanto mais uma vez compartilhar é a grande medicina que cura e abate as ilusões. Aqui, descubro-me e aqui, revelo-me e isso também não tem importância alguma, é apenas mais uma passagem que posso dar ou não.

Quem? Se não nós mesmos é que moldamos esse mundo a nossa semelhança. E quem melhor do que nós? Para criar o bem e o mal para uma boa diversão diária. Em nossa escolha pela dualidade nesse mundo, optamos por essa aventura dramática do ego, que nos arremessa em situações que aparentam trazer muita agitação em nossas vidas, mas esse movimento é a linha da lei da compensação, porque quanto mais alto nosso ego voa, maior será o peso e impacto com velocidade em direção a depressão! Quanto mais penetramos em determinadas emoções, causadas pelo medo, a queda é sempre mais brusca. Morremos por diversas vezes porque estamos altamente Identificados com o lixo que sentimos.

Não vemos saídas porque trancamos todas as portas. Ninguém entra ou sai de uma casa fechada. Porém, pesquisar essas emoções de forma consciente deveria ser a nossa meta, porque ainda sentiremos dor, porém já com outras qualidades, pois esse é o passo inicial para nos libertarmos do medo.

Essa é a dor boa que cura.

A dificuldade em trazer a cura é que acreditamos realmente que essa agitação é que nos salvará algum dia. Em algum lugar dentro de nós existe um programa de células infectadas que se reproduzem e são muito bem treinadas para manter a fachada das ilusões e para nossa ironia, estão disfarçadas de curandeiras.

Chega a ser impossível não flagrar quando são essas programações que estão atuando em vez de nós mesmos, pois essas células vão deteriorando o sujeito até a última gota de vida.

A pergunta é sempre a mesma; isso que você está escolhendo agora nesse momento está verdadeiramente te fazendo feliz?

Essa resposta não é para ser dada a alguém, porque é dentro da solidão de cada um que o silêncio expressa o coração, e através da língua do mistério que aprendemos a ser livres e amar independendo do panorama externo.

Toda a pergunta já contém em si a própria resposta. Nunca perguntamos algo que a essência já não saiba.

Então me pergunto às vezes: Porque mesmo continuar perguntando?

Por essa razão às vezes fugimos do silêncio, como quem foge da cruz! Pois ele é o grande revelador dos mundos.

Essa é a grande metáfora que queria chegar, o silêncio ilumina o que não está servindo mais em nossas vidas e todas as formas que nos impedem de ser quem somos e que evitam que os outros sejam quem eles são, se encaminham enfileiradas para a cruz!
Ora, quem de nós, que não está nesse caminho às ondas de dor e de apego causadas por padrões de medo e de culpa? Vendo suas mais queridas sombras secando a luz do sol!
E haja cruz!

Só espero que não ressuscitem! Mas às vezes sim, ressuscitam! E nós mesmos é que chamamos as sombras e depois largamos as carentes em algum canto ainda mais difícil de achar dentro de nós mesmos e ainda ficamos surpresos quando vemos o panorama interno, infernal.

Enfim, sinto que a beleza se encontra dentro de cada escolha, e por mais que isso seja dito, pouco vivemos, pouco de tanto de tudo isso! Continuamos a repetir como num mantra... A beleza se encontra dentro de cada escolha... Portanto nos cansamos com facilidade das palavras ditas sem essência, mesmo que sejam frases que tenham conteúdo, o que importa mesmo é a maneira como sentimos esses conhecimentos, porque ainda não enraizamos em experiências com verdade, então soa falso quando dito em voz alta.

Quando mergulhamos no coração das palavras, aí sim acontece um fenômeno; abandonamos as palavras, só falamos porque ainda não temos a coragem do silêncio total.

Bebe do silêncio, disse a terra, sem premeditar o gosto, o gosto só se sente no agora. E nunca se esgota e nunca é o mesmo. Tudo o que é finito reside apenas na dualidade. Ponto. Não é possível se manter sedento diante da fonte, olha agora, jorrando a Deus dará! Quer abundancia? Prosperidade? Amor? Paz? Aprende a aceitar e recebe esse presente agora. Tudo cabe dentro de um único momento. Estar presente já é o maior presente de todos!

O que pode caber antes do ponto final? A vida.

Tudo o que a fonte oferece permeia cada espaço da vida, farta ela corre nas veias, atravessa canais e se derrama através dos tempos em cada casulo-humano, e aguarda que o ser saia desse casulo e alimentando as próximas gerações, guie o espírito de todos nessa majestosa terra,
Às vezes sem a consciência de que o invisível é que sustenta o mundo visível, ainda nos debatemos em busca de mais chão, base, estabilidade, segurança, como é possível não enxergarmos o que está nos mantendo vivos nesse agora, quer chão? Toma chão! Quer segurança seja confiante de si, quer estabilidade? Estabilize sua direção e nunca deixe de caminhar. Seja o que você quer.

Seja e isso é tudo. O universo nos garante uma boa viagem.

Basta permitir ser. Permitir esse mergulho. E essa é a graça da vida, recebemos o quebra - cabeças e vamos é quebrando as cabeças para tentar, antes mesmo de colocar a primeira peça, adivinhar e calcular e filosofar sobre qual será a imagem que nos forma?

Já sabemos que não é possível sem a própria experiência montar e finalizar esse puzzel. Primeiro recebemos as peças todas misturadas, então organizar cada coisa dentro de sua natureza é básico, observar calmamente a periferia, formamos então a moldura inicial, devagar vamos chegando ao núcleo, mas sempre com muita objetividade, não tem rodeios, ou as peças se encaixam ou não. Não posso enfiar na força o que quero.

Apenas vou seguindo executando a minha tarefa. E a Nossa tarefa é apenas amar e expandir com consciência e afeto. Calma em colocar uma a uma as peças, em seu devido momento, às vezes várias porque ganhamos fôlego, às vezes uma por vezes e em nada diminui nossa maestria de viver e sentir que estamos obedecendo em realidade, a uma lei natural; sermos felizes.
Imagino que colocar a última peça seja uma das sensações mais indescritíveis que já fizemos nesse planeta. O conteúdo da figura que nos forma é apenas um. As formas podem ser infinitas.
Para beber dessa fonte, disse o fogo, não é preciso ter nada, sentir nada, querer nada, nem esperar nada.

Parece loucura se manter sem ter o quê?

Ter medo é um tipo seguro de vício que impede a circulação da vida e do amor. O habito faz aquele que tem medo, disse o mar, propagar e se apegar a mais dúvidas. Mas agora não estamos tão à vontade no escuro total, estamos emergindo e aprendendo a respirar fluidez e nadar longas distancias com sol guiando as frontes.

Pois que assim venham todos os aprendizados!
Mesmo que esse assim não seja da maneira esperada.
Loucura é a coragem de retirar os arreios e ir em direção de mais luz, mesmo quando nos cegaram os olhos.

E num suspiro depois de longas horas eu senti que Falar do silêncio já é uma contradição!
E Porque mesmo que eu disse tudo isso?!

Assim falei
Assim me curo
CORUJA DAS RAÍZES DA MANHÃ
Ahow!

Da natureza do " Eu acho"

Da natureza do
"Eu acho"

“Achar” vem de um lugar que supostamente se encontrava “perdido”. Mesmo sendo uma fala um tanto óbvia, repetidas vezes no cotidiano e observando dentro e fora de mim, nos outros, pude flagrar a fala da mente se expondo cada vez mais descarada. Eu acho que... é quase um espaço onde “achar” tenta em um plano mais audacioso, reforçar a importância do seu ponto de vista, e quanto mais eu acho mais eu quero demonstrar meus achados para os perdidos. Reforço meu ponto na vista dos outros achando que estou num lugar seguro onde posso generalizar a vontade.

Enquanto na terra dos achados vamos buscando mais e mais conhecimentos, de canto venho me perguntando e compartilho aqui, se realmente é possível por em prática tantos achados desde os tempos áureos da língua?

Enquanto isso... No quartinho de achados e perdidos temos respostas prontas para todas as questões, quem quer saber e o que? Achamos tantas tranqueiras pelo caminho que muitas vezes apenas jogamos esse lixo nos outros e ainda temos a esperança de que esse lixo sirva verdadeiramente para algum propósito mais elevado. E ainda sobra espaço para umas boas risadas porque já ouvi várias vezes as pessoas voltando atrás dos achados; Eu tinha achado isso, mas agora ouvindo você, não acho mais! Imagina, estamos sempre no campo minado da mente que está sempre pronta a explodir com artilharia pesada nossas crenças e limites.

O resumo triste e patético disso, é que estamos tão habituados a guardar lixos que já tratamos de nos adaptarmos a ele, achando isso normal.

Um exemplo que traduz isso, é que não respeitamos a fala do outro. Nem ouço o que estava sendo dito pelo outro, apenas aguardo a chance de abrir a minha caixa de pandora com os meus achados porque eles vão salvar o outro, são sempre mais importantes e extremamente inteligentes e geralmente estão associados a julgamentos e críticas sobre e para os outros. Eu me excluo , me separo, usando um discurso de inclusão.

Nunca vi ninguém dizer: Eu acho que estou achando demais, talvez seja melhor eu parar de achar tanto porque não sei o que fazer com tantos achados e estou é vomitando em cima dos outros o que enfiaram goela abaixo em mim desde os tempos de nem sei quando!!!

A fala é força pura. Um instrumento tão apurado e poderoso de propagação de energia, que nos invade constantemente e nos provoca alterações visíveis no campo emocional e físico, não podemos nunca falar sem o consentimento do coração. Minha avó sempre me dizia; filha quando abrir a boca apenas respire alto e se sobrar ar cante e se o canto não for o suficiente só então se restar algo para ser dito, fale. Nem tão lá nem tão cá, apenas aqui. É sempre divinamente mais simples, nem por isso deixa de ter o seu horror!

Nesse caminho, quanto mais consciência adquirimos, maiores são as chances de nos desapegarmos das velhas e desconectadas formas de convívio uns com os outros. As velhas formas estão agora bebendo da fonte da juventude e está sendo possível a todos, através de escolhas bem simples e verdadeiras, selecionar e investir numa melhora da mente em busca da claridade.

A dessacralização das palavras já está no seu estado máximo de brutalidade, daqui para frente teremos apenas o melhor do pior. A cada instante que achamos em relação a algo ou alguém estamos repetidas vezes afirmando nossa mina-ego de achados que estão espalhados por toda parte de nossa mente. Não existe algo de errado em achar, só precisamos saber o que fazer com o que achamos. Se estivermos à vontade achando e se isso nos traz a felicidade, que possamos então banquetear dia e noite e celebrar os achados do dia a dia!

Que acharemos isso não resta dúvida, achamos o tempo todo e em qualquer lugar e não importam quais sejam as circunstâncias acharemos através dos séculos novas formas de continuarmos achando.

Porém que tenhamos os olhos e ouvidos bem abertos para encontrar dentro desses achismos a válvula que esvazia nossa arrogância e abre espaços mais verdadeiros para as sensações, essas musas da presença, eu sinto é um estado que fala diretamente com o espírito.

Podemos localizar com muita facilidade se estamos nos escondendo ou estamos nos revelando a nós mesmos, onde está o padrão que nos impulsiona a cometer sempre a mesma sombra , repetidas vezes, como num disco arranhado e que nós mesmo é que arranhamos e ficamos sentados ouvindo a mesma torturante melodia, sem encontrar que está dentro de nós a fonte e sem nos responsabilizarmos por nossas criações externamente.

A responsabilidade é a capacidade de responder aos próprios atos, só isso, não como uma ameaça através do medo como uma suposta punição, não, isso não é responsabilidade do coração, isso é responsabilidade militar do ego. Ser responsável é uma dádiva que acaba com a vítima. Acabando com a vítima recolhemos todo o olhar de fora e passamos a nos nutrir e a conservar nossa sagrada energia dentro dos nossos corações.

Penso sempre que nesse caminho, quando nos damos conta de que estávamos não fora de casa como sempre pensei, mas apenas dormindo um sono profundo dentro dessa casa, a vida ia se transformando ao redor, dormíamos, o susto então ocorre acordamos muito assustados e mais assustados de ver a nós mesmos como somos é sentir que para permanecer acordados é preciso pegar gosto pela luz, dia e noite, então devagar vamos recolhendo os mortos pelo caminho do lado de fora e gentilmente retornamos a terra para agüentar com louvor a dádiva do susto da vida.

Que tudo desde o inicio do universo foi criado a partir do susto e da explosão, então que isso nos mantenha agradecidos e aquecidos dentro das nossas naturezas.


Assim falei
Assim me curo
Coruja das raízes da manhã
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Da natureza do " Por que precio se um mestre?"

Da natureza do
“ Por que preciso de um mestre?”
Era uma vez alguém que se chamava “Um”. Um andava ou se movia pelo fluxo da existência em sintonia com o universo, soberano do amor, da paz e da consciência. Um era o Tudo. Um era o Eu. Um era o Nós. Enfim, sem muitas explicações, o coração de Um quis experiênciar outras formas de conhecimentos e não seria possível ingressar nessa jornada e continuar vivendo dentro da totalidade. Portanto Um criou um plano: a dualidade.

Um mundo paralelo, com um sistema cognitivo tão potente quanto dentro da própria essência, soaria para alguns como um grande labirinto de sonhos sendo sonhados e re-sonhados constantemente por milhares de pensamentos, mas que apenas a mente mestra de Um guiava todas as experiências.

Mas Um não estava completamente desligado do seu mundo unificado, então escolheu perder a memória da consciência de si e por pura curiosidade e aventura resolveu criar e entrar dentro desse sonho e viver o labirinto dos espelhos, sem memória alguma de si mesmo.

Mas antes foi deixando pistas possíveis pelo caminho, caso sentisse vontade de voltar a ser Um. Foi deixando essas marcas pelo caminho, mas o que ele não esperava é que aos poucos e com o tempo essas marcas foram sendo apagadas e nada restava agora, se não a confiança de que sua própria natureza de alguma forma o acordaria desse sonho.

Mas sua sabedoria era tamanha e antes mesmo de se esquecer de si, para facilitar a sua vida, ele revestiu todas as paredes desse labirinto com espelhos mágicos, vários formatos, texturas, dimensões, tridimensões, outras naturezas, gostos, sabores, cheiros, de homens, mulheres, raças, crenças, medos, sombras, galáxias, pequenos mundos, os planetas, seres invisíveis, animais, coisas inanimadas, os elementos, as estações, as cores...

E Cada espelho funcionava como uma chave. Para abrir e revelar a verdade era necessário não se apegar a miragem do que estava sendo visto e por um ato já de mais consciência de si, quebrar uma a uma todas as imagens. Porque era atrás dos espelhos que residiam os pedaços da sua memória iluminada.
Um virou bilhões de pessoas, trilhões de formas, quatrilhões de problemas! Todas as formas vivendo separadas e com sonhos autônomos dentro de um mesmo labirinto. Um completamente desmemoriado foi criando sonhos dentro de sonhos e criando mais e mais redes com conhecimentos distintos.

Na verdade foi se enredando de tal maneira em suas criações que num ato total de desespero criou dentro da dualidade, a culpa, o medo, e a morte. Arqueiros do que ele chamou de Ego.

Ficava com o tempo cada vez mais difícil desapegar desse sonho e acordar para sua verdadeira essência, porque também tinham lá os seus grandes prazeres. Cada vez a crença do que ele poderia ser o afundava em máscaras de mais e mais ilusões, que o seduziam para o fundo do mar e o devoravam sem piedade.
Mas como Um se dividiu em muitos, a morte era apenas mais uma experiência, pois ele não poderia morrer. E cada vez, como nuvens carregadas desabando diariamente nas cabeças de todos, as ilusões choviam culpa, sofrimento, doenças e morte para todos que acreditavam que eram vítimas.

E como voltar a ser quem se é? Sem saber que precisa voltar. E como acordar? Sem saber que tudo não passa de um sonho. E pergunto agora, é preciso voltar a ser o que nunca deixou de ser?

A piada cósmica é que sim. Voltar significa completar um percurso em torno de um círculo partindo de um único ponto e retornando a ele. Ponto. E a graça de tudo isso é que podemos ficar partindo de um único ponto e retornando a ele por séculos sem saber que estamos passando por ele a cada instante. Por isso às vezes é mais fácil ver no outro e ficamos torturando essa pessoa, apontando com firmeza nodos dedos indicadores para que ela veja, mas como cada um sonha seu próprio desígnio, não se pode impedir, mesmo por amor, que um sonhador não experimente de suas próprias criações. É escolha de cada um sofrer ou rir.

Então Um com seus mil olhos, olhava, mas já não conseguia ver. Pensava com o corpo e fingia que sentia com o coração. A mente é que foi ganhando os olhos de Um, uma mente dual completamente treinada e domesticada para executar todos os truques e opostos da consciência e se disfarçava de amor.

Necessariamente ver implica em agir, quase que numa ordem divina de cura, impossível Um de nós ver e fingir que não está vendo. Ver vem diretamente da fonte e poucos de nós retiram as lentes escuras.

Sinto que os mestres, são outras formas de espelhos. Nem melhores, nem piores apenas espelhos. Refletem exatamente o que necessitamos para ver e o que precisamos fazer para abrir os olhos desse que somos. Chega de fechar os olhos para tentar se sentir dentro de si. É necessário abrir cada vez mais para que sintamos o pulso dessa unidade. Porque os espelhos quando tocados só sabem refletir, eles não têm profundidade.

Leva tua mão no teu coração e mantém a outra esperando sentir o coração seguinte. Não espera saber o que virá. Apenas virá o que sentires.

Porque precisamos de mestres? Hum...

Porque ainda não reconhecemos e não assumimos que somos nós o Um. Somos nossa própria maestria, mas não confiamos e por isso continuamos a nos apoiar em fantasias. E não adianta mistificar um espelho-mestre e se apoiar externamente. Mistificar significa retirar a humanidade e afasta de nós o sagrado desses encontros. Matamos os mestres porque eles não correspondem a uma expectativa. Matamos o mestre porque ele é humano tanto quanto eu. Matamos o mestre porque às vezes ele se deixa levar pelas mesmas sombras que eu, dificuldades que eu. Matamos a possibilidade real de união e verdade. Matamos muitos mestres porque projetamos neles a nós mesmos. É o nosso desejo secreto de punição, porque escolhemos perder a memória de quem somos. O que nos afasta do amor é a culpa que carregamos desde a origem dessa escolha.

E o espelho que são os outros, existem para nos relembrarem de que fomos nós que escolhemos o que estamos passando, e por isso sentimos tanta raiva às vezes dos outros! E nos encaminhamos para os estados cada vez mais grotescos de julgamentos e técnicas de mortes.

Entregamos a vida a um espelho e ficamos lá ansiosos para que o espelho ganhe vida e cuide de nós mesmos. Para que o espelho nos salve.

E às vezes, como disse um espelho amigo meu por esses dias;
- Sabe... Acho que eu tenho que marcar hora para falar comigo mesmo, porque já tem uma fila de eus me esperando!

Alimentamos a idéia de que é através da necessidade de ter que o amor vem, então ficamos lá, esperando de tocaia tentando encontrar mais e mais espelhos que sirvam a esse propósito. Que caibam dentro dos nossos sonhos e que no reflitam mais belos, melhores, iguais a nós mesmos.

Às vezes encontramos os perfeitos espelhos. Refletem-nos para o nosso espanto exatamente da maneira que queríamos. Mas isso não dura muito tempo, claro. Porque o desejo do ego é o drama e logo tentados a encontrar algum defeito e já entediados por esse espelho que faz de tudo, continuamos a buscar outros.
O que interessa para o Ego é a busca eterna. Encontrar é a sabedoria que vem do coração.

Mas eis que alguns de nós às vezes, por tantos choques e reverberações nos damos conta de que aqui e agora está se apresentando a grande oportunidade do universo, e no momento arrebatador de dor humana, de joelhos no milho e com o chicote não mão , a porta se abre e uma marreta é colocada em nossas mãos. Quer ser livre e quebrar esse mundo das ilusões? Ou quer continuar sua autocomiseração em cima do milho?

Quantos de nós conseguimos voltar a ser Um?

Então continuamos ou não a nos virar para todos os lados em busca de mestres que nos digam quem somos e continuem repetindo por diversas vezes e de diferentes formas aquilo que sempre soubemos a nosso próprio respeito, mas que agora se encontra perdido em algum lugar dentro desse labirinto secreto.

Digo “Nós” querendo dizer “Eus”. Digo “Eus” querendo sentir e relembrar que somos em verdade esse UM.

Claro que de maneira alguma estou desvalorizando os aprendizados dos mestres e das fontes das quais agradeço a todo o instante e que podemos beber à vontade nessa terra e fartar o coração para ganhar mais músculos no amor.

Mas apenas sinto que o pequeno ato de querer com verdade, recolhe toda essa projeção feita durante anos, de sermos amados e amar a moda do ego. De deixar de querer ser essa marionete, essa vítima que é manipulada por necessidades externas infindáveis, desejos e posses de matéria, de sentimento e de conhecimento.

Quando de coração estamos sóbrios e em contato com nossa maestria, podemos enxergar com beleza a maestria dos outros, sem rótulos ou crenças limitantes. Aí acontece a grande redenção desse Um que quis se aventurar; ele reconhece e perdoa através do amor todos os seres que passaram em si mesmo.

...Tem essa voz do Um que fala constantemente através de mim. Às vezes silencio e posso ouvir e diz :

Escuta Aqui EU: Nunca foste a lugar algum. Nada além de ti mesmo existe. Sempre foste à perfeição durante toda essa jornada na terra. Por mais que tenhas criado abismos e demônios, não tem importância, pois cada face criada em todos os momentos era tua própria mão de criança que pintava num papel. Cada lágrima tua vem da mesma fonte que teu riso mais profundo jorra aos céus. Nada que sintas como muito grande, acima de ti, vem do coração. A grandeza não se vê além de si mesma. O espírito não tem tamanho ou limite. Enquanto a mente explica, o coração segue seu curso inalterável. Sua dança com o universo.

...mas em outras vezes ainda por medo, me pego contemplando espelhos...



Assim falei
Agradeço
Assim me curo
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CORUJA DAS RAÍZES DA MANHÃ

sábado, 18 de outubro de 2008

Da natureza do "Tudo bem" por Daniela Duarte

Da natureza do “ tudo bem”

Da natureza do “ tudo bem”
Com freqüência escuto das pessoas “Tudo bem!”.
A expressão “Tudo bem” virou um termo automático de repressão que esconde a verdade sobre como estamos sentindo nossas vidas.
Funciona como um emplastro que tenta aliviar a dor externa que se localiza internamente. Simplesmente nos utilizamos dele para que nem mesmo vejamos , que enquanto estamos afastados e inseridos dentro do medo, nada está bem.
Se precisamos andar, então que o corpo ganhe energia para andar. Se precisarmos libertar outras pessoas do nosso convívio, porque estabelecemos ao logo de nossa jornada essas relações viciados no medo, então que a mente retome sua maestria e nos guie pelo caminho da sabedoria e da compaixão que nossa essência não cansa em nos relembrar diariamente.

Porque a verdade é que podemos receber do mundo toda a confirmação de que o normal é ser feliz, todo o resto é apenas uma distração de si mesmos.
Não digo que as coisas não estão bem da maneira como estão.
Tudo em verdade está bem dentro de sua própria natureza, mas o tudo bem que me refiro está ligado a uma farsa que estamos criando a nós mesmos que se apóia na idéia e não na prática. Fato é de que cada aprendizado adquire tantas formas quantas existir no planeta para se manifestar, e isso independendo das nossas expectativas ou mesmo vontades, se julgamos como bons ou ruins aprendizados , ou mesmo do quanto evitamos ou nos esforçamos para atrair novos desafios.

Então pergunto; tudo bem?
Quando o que estamos fazendo é mentir para nós mesmos
de que essa forma é real. Então tudo bem?
Porque na verdade estamos nos afastando de expressar
o que acontece dentro dos nossos corações.
Então tudo bem?
Quando o medo de nos colocarmos diante
dos outros dentro do que estamos escolhemos,
nos amedronta ainda mais.
Então tudo bem?
porque sim o que estamos escondendo é apenas uma
casca muito frágil que se protege atacando a si mesma?
Então tudo bem atacar e culpar a si mesmo,
porque assim eu não estou fazendo com meu vizinho?
E que se blinda, mesmo quando têm boas intenções
em salvar os outros ao redor, enquanto quem está morrendo é o si mesmo da pessoa? Então tudo bem quando a verdade é que nada bem está?
Tudo bem! Tudo está bem.

Admitir que não está bem não é uma fraqueza, ao contrário é um alívio, um bálsamo para o coração que já se entende curado em poder ser de verdade. Porque retira do mundo o esforço de manter uma máscara, e não é uma mascara que está querendo apenas aprovação externa, é uma máscara que impede que a essência venha à tona.

Nos enganamos quando achamos que os pequenos vícios são inofensivos, sejam vícios da fala, do comportamento ou mesmo nas relações, e entendo por vício tudo o que padronizamos dentro da vítima enquanto não conseguimos por em prática o que já sabemos para que haja a cura.Acredito que os pequenos vícios, acabam por acumulo sendo os mais severos porque mantém uma aparência de normalidade enquanto se enraízam mais profundamente.
Saber só não basta.

Observe sua estante de livros, nos orgulhamos toda vez que olhamos para ela porque nos dá a impressão de que praticamos todo o conhecimento que adquirimos, e às vezes também nos viciamos em adquirir mais e mais conhecimento.

Sedentos de um saber ilusório. Se observe conversando com outras pessoas, você sempre tem as respostas para tudo, e se não verbaliza diretamente em seu íntimo você pensa que tem e isso não impede que você ainda caia carregado com as mesmas sombras.
A quantidade de energia que gastamos para manter vivo esse ser inanimado é tão grande que decidimos por preguiça deixar para depois. E assim vamos deixando para depois a si mesmos.

Vamos deixando para depois a liberdade. Vamos deixando para depois a verdade. Vamos deixando para depois, buscando adquirir mais coragem e mais energia a vida. Vamos deixando para depois o que precisa ser feito para que possamos viver no estado pleno que o amor trás. Vamos deixando para depois , porque no futuro tudo se resolverá? Vamos deixando para depois nosso corpo físico, vamos deixando para depois as nossas escolhas, vamos deixando para depois porque temos a crença de que o depois verdadeiramente existe.

O choque então acontece e está na verdade porque ela é implacável com as ilusões. Se intentamos pela verdade o que teremos será a verdade, se não soubermos o que fazer com a verdade em nossas mãos viramos alimento do medo, que nos destruirá sem piedade.

Nesse caminho, ao contrário do que o ego diz para permanecer reinando, se não houver sobriedade, ação junto com o conhecimento, implacabilidade com os medos e vontade clara de cura, nos despedaçaremos em torno da luz sem nem ao menos lembrar que um dia queríamos viver o simples sem condições dentro do amor.
Assim disse
Assim desabafo
Coruja das Raízes da manhã
Ahow!